Copyright by Ronye Márcio
Feito em 12 de Janeiro de 2005
Publicado no Texto Livre
Em um pequeno mundo cheio de contos, lendas, histórias, mitos, narrações, descrições, ficções...
Em um pequeno mundo cheio de contos, lendas, histórias, mitos, narrações, descrições, ficções...
Há um mundo secreto onde contém todas estas histórias e que poucos dão valor a este mundo.
Chamamos-lhe de escola. E lá em uma sala encontramos um armário repleto de cadernos, livros, canetas, lápis, borrachas, apagadores... E neste local ouve-se grande algazarra, pois a Caneta ralhava com o Lápis, o desprezava, o ignorava, só porque ela o considerava fraca, pobre, raquítica e sem vivacidade. E assim passaram-se dias, meses... e em um determinado dia os alunos com euforia e deslumbramento com toda a magia de uma aula; o professor pediu que os alunos pegassem o lápis e fizessem um desenho que representasse a história lida.
A Caneta furiosa ralhava, gritava, agitava-se, porque se considerava tão importante que só ela poderia ser utilizada, no entanto a Borracha e a Lapiseira fitaram-na e disse-lhe:
__ Para coisas tão finas, delicadas só pode ser feita se não por lápis, pois seus traços são rudes, grossos, e ainda não são removíveis.
A Caneta furiosa repele:
__ Porém ele a cada traço se desgasta, desmancha-se em pó. E tu, Lapiseira, és que o aponta, tornando-o afinado, no entanto o consomes e dizes que és amiga. E tu, Borracha, quando estás furiosa com inveja segues os passos dele, porém esqueces que apagas cada trilha que ele percorreu.
Antes que toda esta ladainha continuasse o Caderno bradou:
__ Cala-te!
A Caneta surpresa pergunta:
__ Por quê?!
__ Tu não sabes que cada um tem uma função. A minha não é de ser pisado por vocês, no entanto é em mim que vocês bailam, dançam e ao fim dão forma a uma história, a um conto, a uma atividade e todo isso tem a sua utilidade, tem o seu objetivo de ser e de existir.
Houve um minuto de silêncio e o Caderno voltou a falar:
__ E tu não sabes que não és eterna?
E a Caneta surpresa perguntou:
__ Não?!
__ Não. Olha-te no espelho. Como tu és transparente e tísica, veja a ti mesma que a tua vida está a se esvair a cada traço que tu fazes, a cada letra, a cada palavra, a cada frase,... A tua força, o teu vigor está a ir embora, está a sumir a cada traço, letra, palavra ou frase que tu fazes em mim.
Cabisbaixa e a lacrimejar a Caneta se desculpa pelas grosserias. E o Caderno continua a falar:
__ Lembra que tu humilhaste o Lápis, a Borracha e a Lapiseira.
__ Sim.
__ Eles foram feitos para se ajudarem.
A Caneta curiosa pergunta:
__ Como?!
__ Quando o Lápis está escrevendo ou a desenhar em mim, ele está mostrando a sua cultura e a sua arte de modos simples, no entanto o seu grafite desgasta-se e esta é a função da Lapiseira afinar-lhe os traços e a Borracha...
Antes mesmo de o Caderno começar a falar a caneta o interrompeu aos brados perguntando-lhe:
__ Sim, e a Borracha? Em que esta invejosa realmente ajuda?
__ É tão óbvio minha amiga. Ela só apaga os traços que saíram errados, mau traçados e até mesmo apagar as letras ou palavras que o Lápis grafou erradas, nada mais do que isto. É por isso que cada um existe, todos nós temos que desempenhar uma função na sociedade e respeitá-la, pois por mais insignificante que nos pareça, ela tem a sua utilidade funcional e social. E assim somos uma sociedade, cada qual com o seu trabalho e a sua vida.
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