Em si mesmo

Em si mesmo, viver é uma arte
E na arte de viver
É, simultaneamente, o homem:
O artista e o objeto de sua arte
Assim como: o escritor e a palavra.
Ronye Márcio

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sábado, outubro 18, 2014

Administração Escolar: introdução crítica.


PARO, Vitor Henrique. Administração Escolar: introdução crítica. 16 ed. São Paulo: Cortez, 2010.
 
 
 
RESUMO
 
Com o livro Administração Escolar: introdução crítica Vitor expõe todo o seu conhecimento a respeito do tema, visto que atualmente é professor titular (Colaborador Sênior) da Faculdade de Educação da USP, onde exerce a pesquisa, a docência e a orientação de discípulos em nível de pós-graduação. É coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Administração Escolar (Gepae). Atua na área de Educação, com ênfase em Políticas Educacionais e Administração de Unidades Educativas. A finalidade da obra é examinar o papel do diretor e a organização do trabalho escolar visando à mudança social, em que se faz várias incursões para que se tenha um panorama das funções da escola em uma sociedade de estrutura capitalista, visando a organização do trabalho dentro e fora da instituição de ensino considerando que o aluno é sujeito de uma práxis social, visto que a administração escolar é voltada para a transformação social.
 
CITAÇÕES: Capítulo I: O conceito de administração em geral.
 
A administração como é entendida e realizada hoje é produto de longa evolução histórica e traz a marca das contradições sociais e dos interesses políticos em jogo na sociedade. (...) Isso implica examinar o conceito de administração em geral, ou seja, a administração abstraída de seus determinantes sociais que, sob o capitalismo, por exemplo, configuram a chamada administração capitalista. Mas, aí, não se trata, já, de administração em seu sentido apenas geral, e sim administração historicamente determinada pelas relações econômicas, políticas, sociais que se verificam sob o modo de produção capitalista. (p. 24-25)
 
(...) níveis da práxis humana, fica fácil raciocinar em termos de atividade administrativa e de admitir que aqui também se encontra um tipo ou nível de administração que é invenção / descoberta de novos procedimentos e caminhos para se alcançar objetivos e um outro que é repetição / imitação desses caminhos e procedimentos: uma administração criadora e uma administração reiterativa. (p. 40)
 
De acordo com o grau de consciência da práxis, pode-se falar em dois níveis da práxis: práxis reflexiva e práxis espontânea. No primeiro caso, ocorre alta consciência da atividade prática que, no segundo, encontra-se bastante reduzida ou quase não existe. É preciso ressaltar que, embora intimamente ligados aos dois níveis anteriores (da práxis criadora e da práxis reiterativa), esses dois novos níveis com eles não se identificam nem precisam necessariamente se coincidir. (p. 42)
 
PARECER:  
 
 
          Toda administração é imbuída de ideologias que se revertem em poder ou na manutenção do poder, no entanto essa dualidade entre poder / sociedade é uma relação de dependência íntima, visto que só se administra caso haja o que administrar e quem administrar, essa dupla regência é que fascina a elite, mas para isso o administrador tem que conhecer o perfil da sociedade e as pretensões da elite para que se possa construir uma administração que atendam uma necessidade social satisfatória e atinja a realização da elite plenamente.
          Daí que surge a práxis que é fazer no administrar, mandar, comandar e a mesma ação que é lucrar, produzir fortuna, atingir metas, ter produtividade e essas ações práticas é que garantem a manutenção social, ideológica e partidarista.
 
CITAÇÕES: Capítulo II: A administração capitalista.
 
Se a capacidade de produzir excedente não é exclusiva da sociedade capitalista, a exploração do trabalho, que é a apropriação desse excedente, também antecede o surgimento desse modo de produção. (p. 51)
 
(...) para a formação do valor, não importa já o trabalho em forma concreta, particular, criadora de valores de uso, mas o trabalho abstrato, indiferenciado, o trabalho geral. (p. 55)
 
(...), com a utilização dos meios de produção, o capitalista consegue apenas ver transferida a mesma magnitude de valor para o novo produto, a utilização da força de trabalho, a realização de seu valor de uso, ou seja, o trabalho do trabalhador é criador de valor. E ele cria mais valor do que o contido na força de trabalho paga pelo capitalista. Numa parte de seu trabalho, durante o tempo de trabalho necessário, ele cria um valor equivalente ao de sua força de trabalho. Esse montante é pago pelo capitalista sob a forma de salário. Mas sua jornada de trabalho não termina aí. Durante o restante da jornada de trabalho ele vai produzir um valor adicional que fica nas mãos do capitalista e que faz a diferença entre D e D’. Esse valor produzido pelo trabalhador durante o tempo de trabalho excedente é a chamada mais-valia, objetivo último do processo de produção capitalista. (p. 62)
 
PARECER
          O capitalismo é responsável pela construção de uma sociedade mais desigual, visto que, é ela que produz e que é detentora do capital e determina o quanto vale o trabalho a ser executado, a força que é executada e o valor custo-benefício do produto final.
          É o processo administrativo que conduz o fio condutor do capitalismo para organizar a relação de patrão / empregado e de matéria-prima e produto final e como tudo isso vai reverter em lucros e benefícios para o empregador.
 
CITAÇÕES: Capítulo II: 2. Administração, divisão do trabalho e gerência.
 
 
A administração, ou a utilização racional de recursos para a realização de fins, adquire, na sociedade capitalista, como não podia deixar de ser, características próprias, advindas dessa situação de domínio. Permeando a estrutura e a superestrutura, tanto a “racionalização do trabalho” quanto a coordenação do esforço humano coletivo adquirem, ao lado das propriedades gerais (...), características específicas do modo de produção capitalista. (p. 65)
 
Ao dividir o ofício em seus elementos mais simples, a produção capitalista está, ao mesmo tempo, promovendo a desqualificação do trabalhador. Este, que no processo anterior podia desempenhar uma função complexa que lhe exigia a participação não apenas de sua habilidade física, mas também de seus conhecimentos, capacidade de raciocínio, decisão e criatividade, passa a exercer, no processo capitalista de produção, apenas uma tarefa parcelar e repetitiva, que lhe exige, além da destreza física – e, ainda assim, limitada a operações muito restritas –, uma participação intelectual que fica pouco acima do nível requerido pelo trabalho animal. (p. 92)
 
Esses esforços [a submissão do trabalho ao capital] no sentido de persuasão e manipulação dos trabalhadores refletem-se fortemente na teoria administrativa deste século, na medida em que todas as “escolas” de administração, a partir de Taylor, têm dedicado considerável – quanto não a maior – parte de suas atenções ao estudo de problemas “sociais” e “humanos” no interior da empresa, tais como relações interpessoais, motivação, interesse e satisfação pessoal dos trabalhadores, conflito de interesses entre gerência e subordinados etc., utilizando-se, para isso, das contribuições da Psicologia, da Sociologia etc. (p. 106, [Grifo Meu])
 
PARECER
 
          A utilização racional do materialismo incide diretamente na evolução da sociedade a partir das técnicas de manipulação social para se construir uma sociedade dependente do contexto entre a necessidade e a produtividade caracterizando em um produto de mais-valia agregada ao valor do produto final. Já na relação de estrutura e superestrutura se faz uma ponte com o contexto social sendo representados pelas leis, instituições, regras e costumes em que o capitalismo cobra o desempenho da função do empregado em relação com suas habilidades físicas e psíquicas para a construção do capital final do produto a ir para o mercado.
          Já na questão da persuasão e manipulação dos trabalhadores tem-se como finalidade o estudo do indivíduo e das relações entre si, entre patrão e empregado, entre empresa, gerência e subordinados com foco de análise e estudo voltados para a Sociologia em que se analisa a influência da empresa com o comportamento social nas interações e mudanças de comportamento e para a Psicologia que estuda o reflexo comportamental entre influência e o desejo de consumo causando uma quebra de paradigma e de posicionamento moral e ético.
 
CITAÇÕES: Capítulo III: Transformação social e educação escolar.
 
A administração estará tanto mais comprometida com a formação social quanto mais os objetivos com ela perseguidos estiverem articulados com essa transformação. Assim sendo, no caso da administração escolar, análise de suas relações com a transformação social deve passar, necessariamente, pelo exame das condições de possibilidade da própria educação escolar enquanto elemento de transformação social. (p. 119-120)
 
Capítulo III: 1. Transformação social: superação da sociedade de classes.
 
(...), o conceito de Estado refere-se ao conjunto dos órgãos através dos quais a classe dominante exerce a coerção sobre as pessoas e grupos que não concordam com a direção que ela procura impor à sociedade. Nesta preciso sentido, as funções do estado se identificam com as funções da sociedade política, as quais ele procura manter sob seu exclusivo domínio, através do monopólio legal da força. (p. 124-125)
 
(...) Por um lado, os conteúdos ideológicos são apresentados como dotados de uma perenidade que está acima da própria história, já que são considerados válidos e verdadeiros para qualquer sociedade historicamente determinada. Para outro lado, os fins a que visam e os interesses a que atendem não são tidos como fins e interesses particulares da classe dominante, mas como se fossem comuns a toda a sociedade. (p. 130)
 
O caráter dialético e orgânico do vínculo que existe entre estrutura e superestrutura se expressa concretamente nos grupos encarregados precisamente de realizar essa ligação: os intelectuais. (p. 133-134)
 
A homogeneidade se concretiza à medida que é proporcionada à classe operária a consciência de sua função revolucionária, através da difusão da nova concepção de mundo e de educação das massas no exercício do pensamento crítico e da aceitação ativa e crítica da tal ideologia, evitando, ao mesmo tempo, sua deformação e lutando para que ela predomine sobre as demais e se generalize em toda a sociedade. (p. 149-150)
 
PARECER:
 
          O primeiro passo para se mudar uma sociedade é dar mais autonomia à educação, somente assim é que as pessoas construirão uma consciência crítica a respeito do que seja a vida e sobre todo que nela existe. Para transformar a consciência pequenas mudanças tem que acontecer, como a administração escolar democrática em que as famílias escolhem o melhor dirigente ou diretor para que possa transformar a localidade em algo melhor, geando igualdades de oportunidades para todos.
          Por outro lado e escola tem que está preparada para a reconstrução do Projeto Político Pedagógico em que realmente atinge às necessidades da comunidade local e que trace metas claras e coerentes para que solucionem os problemas existentes da sociedade. O que se espera da comunidade intelectual é que eles tragam benefícios e melhorias a todos.
 
Capítulo III: 2. Educação escolar para a transformação social.
 
(...) a educação poderá contribuir para a transformação social, ne medida em que for capaz de servir de instrumento em poder dos grupos sociais dominados em seu esforço de superação da atual sociedade de classe. Dessa forma, a questão da educação enquanto fator de transformação social inscreve-se no contexto mais amplo do problema das relações entre educação e política. (p. 154)
 
(...) o papel da escola é o de dotar as pessoas de determinados requisitos intelectuais indispensáveis ao exercício de uma função no campo da produção. Não se deve, entretanto superestimar o papel da escola e este respeito, havendo muito equívoco na posição que a identifica como essencialmente reprodutora da força de trabalho. (p. 159)
 
(...) a negação do papel educacional da escola é através da articulação política dos métodos pedagógicos com ideais e medidas que levam à minimização do saber passado às massas. Foi o que aconteceu, por exemplo, com relação ao movimento da escola nova que, deslocar o problema da democracia do âmbito da sociedade global (igualdade de oportunidades, correção das injustiças sociais) para o âmbito da unidade escolar e de sala de aula (preocupação com o método, respeito às diferenças individuais), acabou por contribuir para a elevação da qualidade do ensino e das elites e o empobrecimento do conteúdo da educação destinadas as massas populares. O pretexto de melhoria da qualidade do ensino (de uns poucos) contribuiu para que se relegasse a um plano secundário a preocupação com a qualidade dos que teriam acesso a tal qualidade. (p. 163)
 
PARECER:
 
 
          A função da escola é de construir uma sociedade mais justa e igualitária, no entanto o que se vê é a perpetuação dos ideais da sociedade elitista quando se constrói uma administração que é imposta pala política dessa própria sociedade elitista.
          No princípio a escola era fonte de poder e de sabedoria, pois era nela que as famílias mais abastadas mandavam seus filhos para construírem seus conhecimentos e sua formação intelectual, no entanto quando se passou a mudas a sociedade viu-se a necessidade de procurar outra forma de manipular a sociedade para manter o poder sem que possa ser importunado no seu intocável e supremo poder.
          Em quanto a escola tiver servindo como ferramenta de manipulação todo e qualquer aluno poderá ser manipulado e condenado a viver na obscuridade da ideologia capitalista.
 
CITAÇÕES: Capítulo IV: Administração escolar e transformação social.
 
(...) a administração se constitui em instrumento que, como tal, pode articular-se tanto com a conservação do status quo quanto com a transformação social, dependendo dos objetivos aos quais ela é posta a servir. A recuperação desse caráter instrumental de toda administração é de importância decisiva para o exame da atividade administrativa em nossas escolas, já que, somente a partir desta perspectiva, é possível conceber a possibilidade de uma Administração Escolar voltada para a transformação social. (p. 185)
 
Capítulo IV: 1. O caráter conservador da Administração Escolar vigente.
 
(...) Na escola, embora não se possa menosprezar a divisão de trabalho como fator de desqualificação profissional, não se deve desprezar também outros aspectos específicos da realidade escolar. Neste contexto, é justo afirmar que o ponto de partida dessa desqualificação não foi a preocupação com a eficiência da escola, mas precisamente a desatenção para com a degradação de seu produto (...) a ser produzido pode ser de qualidade bastante inferior, passa-se a utilizar, em sua elaboração, meios de produção e mão de obra de qualidade também inferior, os quais estão disponíveis, geralmente, em maior quantidade e a preços mais baixos. No processo de degradação das atividades profissionais do educador escolar, com a consequente desqualificação de seu trabalho e o aviltamento de seus salários, deu-se algo de semelhante: na medida em que não interessava à classe detentora do poder político e econômico, pelo menos n que diz respeito à generalização para as massas trabalhadoras, mas que um ensino de baixíssima qualidade, (...). Tudo isso gerou a multiplicação das classes superlotadas, recursos didáticos precários e insuficientes, precaríssima qualificação profissional e baixíssima remuneração do professor e do pessoal da escola em geral. A consequência inevitável foi a baixa qualidade do ensino, em um círculo vicioso em que a degradação do produto da escola pode ser identificada, ao mesmo tempo, como ponto de partida a como resultado da desqualificação profissional do educador escolar. (p. 197-198)
 
Capítulo IV: 2. A natureza do processo de produção pedagógico na escola.
 
Uma Administração Escolar que pretenda promover a realização das atividades no interior da escola deve começar, portanto, por examinar a própria especificidade do processo de trabalho que aí tem lugar. Este aspecto, embora muito pouco explorado, mesmo no seio da uma concepção crítica da educação e, em especial, da Administração Escolar precisa ser mais bem analisado, inclusive como para uma negação radical da tendência à aplicação, na escola, da administração empresarial capitalista. (p. 205-206)
 
Capítulo IV: 3. Administração Escolar para a transformação social.
 
(...) a Administração Escolar verdadeiramente comprometida com a transformação social deverá estar, conscientemente, buscando objetivos que atendam aos interesses da classe trabalhadora. (p. 231)
 
PARECER:
 
 
          A recuperação da estrutura educacional perpassa pela valorização dos profissionais de educação e de uma gestão democrática em que a escola realmente esteja preocupada com a construção da sociedade local. Os profissionais da educação acima de todo devem permanecer com a qualificação profissional, atualizando-se revertendo o ensino sucateado em um ensino de qualidade e para a libertação do senso crítico construindo a sociedade mais livre e consciente.
          Se a escola negar o currículo elitista e produzir seu próprio currículo construindo, assim a sua personalidade e reforçando a sua cultura fará com que a relação Políticas Públicas – Escola – Comunidade e conhecimento se completem indissociavelmente para o bem comum.
 

PARECER CRÍTICO:
 
          A obra de Paro é essencial para todo aquele que deseja conhecer a microestrutura e a macroestrutura de uma gestão administrativa, contudo o que deixa mais evidente é o esclarecimento das temáticas a respeito do conceito de administração de forma geral, perpassando pelo princípio da visão capitalista e o processo de exploração social e a importância desse tipo de exploração para a construção de uma sociedade submissa e conformada.
          Porém segundo Vitor Henrique a administração é analisada pelo panorama do trabalho e da manipulação do mundo capitalista, em que os mais desfavorecidos tenham que se submeter as vontades da elite dominante, gerando aí o princípio da irracionalidade dentro do controle social.
          É com a práxis que a massa encontra um caminho para fugir da miséria e fortalecer a sua qualificação por meio dos estudos. No entanto a transformação social só ocorreu a partir do momento em que as pessoas passaram a construir seu próprio conhecimento e passaram a exigir dos dominantes esta capacitação par direitos de melhoria, surgindo a partir desse momento profundas mudanças na Educação Escolar em que todos tenham condições igualitárias para melhorar de vida por meio do estudo fazendo uma mudança social pela consciência e criticidade política.
          Na obra Administração Escolar: introdução crítica nos conscientiza que uma transformação só acontece quando toda a sociedade trabalha junta construído suas metas e solucionando seus problemas atingindo os objetivos propostos para toda a comunidade. Em suma, para a Administração Escolar dar certo é preciso que a transforme constantemente e que tenha um caráter vigente garantindo a natureza do processo de produção pedagógica por meio do Currículo, do Projeto Político Pedagógica e dos referenciais que possibilitem a Administração Escolar favorecer transformações gradativas a comunidade em que está inserida.
          O autor Vitor Paro foi muito abrangente no processo de construção Administrativo da escola pelo viés da história com pitadas de análises sociológicas construindo, assim um panorama socioeducacional extraordinário, principalmente para aquele que não tenha conhecimento da construção ideológica da escola da sociedade e como podemos mudar a realidade mesmo com parcas ferramentas de trabalho e pouco conhecimento a respeito de processo de ideologia e manipulação social pela sociedade burguesa aí presente.
          De forma didática Paro consegui mostrar a importância de uma Administração Escolar para a transformação de uma sociedade e da consciência dos cidadãos para se libertar das amarras do mundo capitalista sem se tornar escravo e alienável das ideologias do mundo capitalista.
          A obra é de suma importância para qualquer um que deseja construir um mundo mais igualitário e desenvolver habilidades de pessoas que não conseguem se libertar das armadilhas do capitalismo selvagem. Ela é indicada para todo profissional da área Administrativa Pedagógica e para professores que queiram se aprofundar na temática que permeia a escola. Esse livro, enquanto obra literária contribui muito para a profissão do professor, pois dá mais poder de consciência para o próprio trabalhar com o aluno de forma mais crítica e que o leve a construir seus próprios passos sem que tenha uma manipulação direta da elite.
          Enquanto leitor, deixo a minha crítica em relação a prática de administração escolar e passos que um administrador poderia fazer para construir uma sociedade melhor, contudo o autor focou muito no ponto de vista marxista em relação do princípio de dominação estendendo e muito o tema e deixando por último a relação da escola e a Administração Escolar de forma mais sucinta e perene, contudo o que ele trouxe, não significa que foi irrelevante ou descartável.
          Quando comecei a ler percebi que a obra traz uma contribuição vultuosa a respeito do processo histórico sobre dominação, manipulação, ideologia e conformismo por meio do capitalismo e uma contribuição média em relação ao tema Administração Escolar e o papel da escola como transformador social e muito pouco indicações de propostas para que o professor ou o administrador possa reverter essa realidade deixando a discursão na teoria e muito pouco na prática efetiva desse trabalho.
          À luz de Vitor Henrique Paro reitero a importância de sua obra e ainda trago a lume que ele de modo perene aborda práticas eficiente sobre a prática de Administrar e de modo aviltante conceitos neoliberais pelo mundo capitalista, mas não deixando sua marca critiquíssimas a respeito da análise da escola e de sua função enquanto construtor de cidadãos.

sábado, outubro 04, 2014

Papel da didática na formação de professores.


CANDAU, Vera Maria, (org.). A didática em questão. 30 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

 

Ronye Márcio Cruz de Santana[1]

 

CAPÍTULO I - Papel da didática na formação de professores.
 
 
CANDAU, Vera Maria. A didática e a formação de educadores – Da exaltação à negação: a busca da relevância. In: __________. A didática em questão. 30 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
 
OBJETIVOS DA OBRA:
 
1] Promover uma revisão crítica do ensino e da pesquisa em didática;
2] Responder a uma necessidade vivida pelos profissionais da área no momento atual;
3] Oferecer aos profissionais da educação um debate sobre a prática educativa em várias perspectivas didáticas;
4] Estimular a busca de propostas alternativas que visem a ampliação quantitativa e a melhoria qualitativa das oportunidades para a população brasileira.
 
CITAÇÕES:
 
“Todo processo de formação de educadores (...) inclui necessariamente componentes curriculares orientados para o tratamento sistemático do “que fazer” educativo, da prática pedagógica. Entre estes, a didática ocupa um lugar de destaque.” (p. 13)
 
“(...) As principais acusações são de que seu conhecimento, quando não é inócuo, é prejudicial.” (p. 13)
 
         01] inocuidade – [parte dos professores] (...) vingou a suposição de que o domínio do conteúdo seria o bastante para fazer um bom professor;
         02] prejudicial - (...) análise mais crítica das funções da educação, em que se responsabiliza a Didática pela alienação dos professores em relação ao significado de seu trabalho. (CANDAU apud SALGADO, p. 14)
 
“(...) o ensino de Didática se foi configurando segundo umas características específicas que têm de ser analisadas em função do contexto educacional e político-social em que se situam.” (p. 14)
 
1. Um ponto de partida: a multidimensionalidade do processo de ensino-aprendizagem
  
O objeto de estudo da didática é o processo de ensino-aprendizagem. Toda proposta didática está impregnada, implícita ou explicitamente, de uma concepção do processo de ensino-aprendizagem.
(...) Que o processo de ensino-aprendizagem, para ser adequadamente compreendido, precisa ser analisado de tal modo que articule consistentemente as dimensões humana, técnica e político-social. (p. 14)
 
Para a abordagem humanista é a relação interpessoal o centro do processo. Esta abordagem leva a uma perspectiva eminentemente subjetiva, individualista e efetiva do processo de ensino-aprendizagem. Para esta perspectiva, mais do que um problema de técnica, a didática deve se centrar no processo de aquisição de atitudes tais como: calor, empatia, consideração positiva incondicional. A didática é então “privatizada”. O crescimento pessoal, interpessoal e intragrupal é desvinculado das condições socioeconômicas e políticas em que se dá; sua dimensão estrutural é, pelo menos, colocada entre parênteses. (p. 14, [grifo meu])
 
Quanto à dimensão técnica, ela se refere ao processo de ensino-aprendizagem como ações intencional, sistemática, que procura organizar as condições que melhor propiciem a aprendizagem. Aspectos como objetivos instrucionais, seleção de conteúdo, estratégias de ensino, avaliação etc., constituem o seu núcleo de preocupações. Trata-se do aspecto considerado objetivo e racional do processo de ensino-aprendizagem. (p. 15, [grifo meu])
 
A dimensão técnica é privilegiada, analisada de forma dissociada de suas raízes político-sociais e ideológicas, e vista como algo “neutro” e meramente instrucional. A questão do “fazer” da prática pedagógica é dissociada das perguntas sobre o “por que fazer” e o “para que fazer” e analisada de forma, muitas vezes, abstrata e não contextualizada. (p. 15, [grifo meu])
 
(...) o tecnicismo parte de uma visão unilateral do processo ensino-aprendizagem, que é configurado a partir exclusivamente da dimensão técnica, no entanto esta é sem dúvida um aspecto que não pode ser ignorado ou negado para uma adequada compreensão e mobilização do processo de ensino-aprendizagem. O domínio do conteúdo e a aquisição de habilidades básicas, assim como a busca de estratégias que viabilizem esta aprendizagem em cada situação concreta de ensino, constituem problemas fundamentais para toda proposta pedagógica. No entanto, a análise desta problemática somente adquire significado pleno quando é contextualizada e as variáveis processuais tratadas em íntima interação com as variáveis contextuais. (p. 15, [grifo meu])
 
(...) a dimensão político-social lhe é inerente. Ele acontece sempre numa cultura específica, (...). A dimensão político-social não é um aspecto do processo de ensino-aprendizagem. Ela impregna toda a prática pedagógica que, querendo ou não (...), possui em si uma dimensão político-social. (p. 15-16, [grifo meu])
 
 
2. Ensinando didática
 
FINALIDADES DE CANDAU:
 
1] Partir uma experiência pessoal;
2] Situar a experiência na evolução político-social e educacional do país;
3] Fazer uma análise crítica da evolução do ensino da Didática da década de 60 até hoje.
 
 
CITAÇÕES:
  
2.1. 1º Momento: A afirmação do técnico e o silenciar do político: o pressuposto da neutralidade.
  
“Nos últimos anos da década de 50 e nos primeiros da de 60, o país passa por um período de grande efervescência político-social e educacional. O debate em torno da Lei de Diretrizes e Bases mobiliza a área educacional.” (p. 17)
 
(...) a didática faz o discurso escolanovista. O problema está em superar a escola tradicional, em que reformar internamente a escola. Afirma-se a necessidade de partir dos interesses espontâneos e naturais da criança; os princípios de atividade, de individualização, de liberdade, estão na base de toda proposta didática; parte-se da importância da psicologia evolutiva e da aprendizagem como fundamento da didática: trata-se de uma didática de base psicológica; afirma-se a necessidade de “aprender fazendo” e de “aprender a aprender”; enfatiza-se a atenção às diferenças individuais; estudam-se métodos e técnicas como: “centros de interesse”, estudo dirigido, unidades didáticas, método de projetos, a técnica de fichas didáticas, o contrato de ensino etc.; promovem-se visitas às “escolas experimentais”, seja no âmbito do ensino estatal ou privado. (p. 18)
  
(...) a educação brasileira de 1945 a 1960 e o período de 1960 a 1968 se caracteriza pela crise (...) e pela articulação da tendência tecnicista.
Nesta etapa, o ensino da didática assume certamente uma perspectiva idealista e centrada na dimensão técnica do processo de ensino-aprendizagem. É idealista porque a análise da prática pedagógica concreta da maioria das escolas não é o objeto de reflexão. (...) Os condicionamentos socioeconômicos e estruturais da educação não são levadas em consideração. (p. 18)
 
Desde o início dos anos 60 o desenvolvimento da Tecnologia Educacional e, concretamente, do Ensino Programado, vinha exercendo forte impacto na área da Didática. De uma concepção da tecnologia educacional que enfatiza os meios, conceito centrado no meio e, consequentemente, os recursos tecnológicos, se passava a uma visão da tecnologia educacional como processo. De fato esta concepção partia da conjugação da psicologia behaviorista, da teoria da comunicação e do enfoque sistêmico e se propunha desenvolver uma forma sistemática de planejar o processo de ensino-aprendizagem, baseando-se em conhecimentos científicos e visando a sua produtividade, isto é, o alcance dos objetivos propostos de forma eficiente e eficaz. (p. 19)
 
A educação é vinculada à Segurança Nacional.
(...) Assim (...), agora se enfatiza a produtividade, eficiência, racionalização, operacionalização e controle. A visão “industrial” penetra o campo educacional, e a didática é concebida como estratégia para o alcance dos “produtos” previstos para o processo de ensino-aprendizagem. (p. 19)
 
“A desvinculação entre a teoria e a prática pedagógica reforça o formalismo didático: os planos são elaborados segundo as normas previstas pelos cânones didáticos; quando muito, o discurso dos professores é afetado, mas a prática pedagógica permanece intocada.” (p. 21)
 
 
2.2. 2° Momento: A afirmação do político e a negação do técnico: a contestação da didática
 
 
(...) a partir da metade da década de 70, a crítica às perspectivas anteriormente assinaladas se acentuou. Esta crítica teve um aspecto fortemente positivo: a denúncia da falsa neutralidade do técnico e o desvelamento dos reais compromissos político-sociais das firmações aparentemente “neutras”, a afirmação da impossibilidade de uma prática pedagógica que não seja social e politicamente orientada, de uma forma implícita ou explícita. (p. 21)
 
 
3. De uma didática instrumental a uma didática fundamental
 
 
“Certamente, na maior parte das vezes, o ensino de Didática está informado por uma perspectiva meramente instrucional.” (p. 23)
 
Mas a crítica à visão exclusivamente instrucional da didática não pode se reduzir à sua negação. Competência técnica e competência política não são aspectos contrapostos. A prática pedagógica, exatamente por ser política, exige a competência técnica. As dimensões política, técnica e humana da pedagogia se exigem reciprocamente. Mas esta mútua implicação não se dá automaticamente e espontaneamente. É necessário que seja conscientemente trabalhada. Daí a necessidade de uma didática fundamental. (p. 23)
  
“A perspectiva fundamental da Didática assume a multidimensionalidade do processo de ensino-aprendizagem e coloca a articulação das três dimensões, técnica, humana e política, no centro configurador de sua temática.” (p. 23)
  
DIDÁTICA FUNDAMENTAL
 
01] Procura analisar a prática pedagógica concreta;
02] Analisa as diferentes metodologias explicitando-as:
1 – a visão do homem;
2 - a visão da sociedade;
3 - a visão do conhecimento;
4 - a visão da educação que veiculam.
03] Elabora a reflexão didática a partir da análise e reflexão sobre experiências concretas;
04] Procura trabalhar continuamente a relação teoria-prática.



[1] Acadêmico do Curso de Letras, trabalho de Fichamento do Artigo de Candau para discursão na sala de aula na disciplina de Didática orientado pelo professor Tárcio.

A filosofia explica as grandes questões da humanidade.


BARROS FILHO, Clóvis de. A filosofia explica as grandes questões da humanidade. 1. ed. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.
 


RESUMO
 

Barros Filho é Professor de Ética na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, Professor de Filosofia Corporativa da HSM Educação (2013), Pesquisador e Consultor em Ética da UNESCO e Pesquisador e Conferencista pelo Espaço Ética. Também é colunista de Ética da Revista Filosofia Ciência & Vida. No seu livro que é dividido em oito capítulos e em cada vem com uma abordagem temática diferente: no primeiro capítulo é abordado sobre a ética e como isso se aplica à vida trazendo análises sobre a convivência a partir dela, já no segundo ele nos traz reflexões a respeito da moral e o bom conviver. No terceiro define e esclarece a noção de liberdade fazendo uma conjectura entre o homem e as consequências que ela nos traz quando a exercemos de forma errônea. No quarto o autor traz um panorama do que seja identidade e a construção do ser enquanto indivíduo. No quinto ele discorre a respeito do poder e o quanto esse poder influencia, provoca reações e as suas relações benéficas e maléficas na sociedade e no ser humano. Já no sexto capítulo Clóvis nos apresenta uma perfeita relação entre o poder e a dominação em que transforma as pessoas em disciplinados e submissos, daí surge a grande questão que é a justiça e a lei algo essencial para a manutenção desse poder e a conservação da submissão que são abordadas no sétimo e no último apresente o princípio da virtude que demonstra como o homem age em relação ao ser justo ou injusto de acordo com os preceitos morais e sociais.
 

CITAÇÕES: 1. ÉTICA: Para uma vida boa.
 

(...) ética, em geral, contém alguns arquivos básicos, dispõe de referências, crenças mais ou menos compartilhadas, até algumas certezas consolidadas. Tudo aprendido no embalo das experiências da vida, na contingência dos encontros com o mundo e na complexidade das relações estabelecidas com outras pessoas. (p. 12)
 

Max Weber – para citar o exemplo de apenas um dos analistas desta complexidade – distingue a ética de princípios ou de convicção da ética de responsabilidade. A última está fundada nos fins e a primeira nos meios, com propostas absolutamente inconciliáveis. Sem que se possa impor a quem quer que seja a adoção de uma ou de outra. (p. 21)

 
CITAÇÕES: 2. MORAL: Reflexões para viver
 

Todo homem – na singularidade de sua trajetória pessoal – vive situações que se convertem em problemas morais. Para resolvê-los, ele analisa possibilidades, pondera efeitos das possíveis condutas, formula juízos e acaba tomando finalmente uma decisão. No entanto, quando pretendemos que nossos juízos tenham validade que transcenda nossas singularidades, que possam ser aplicados para qualquer situação, passamos do pessoal para o impessoal, do particular para o genérico, da ação para uma filosofia da ação, da moral para a ética. (p. 27)
 

(...) o objeto da ética não é tanto a ação, mas tudo o que possa guiá-la, norteá-la. Em suma, a ética se dispõe ao estudo de um certo tipo de ação humana, normatizável pela razão e que doravante de- nominaremos ato moral. E que não se entenda esta norma como lei científica sobre o comportamento, como em algumas psicologias e sociologias. Mas como um conjunto de princípios seguidos livremente pelo agente. (p. 29)
 

“Afinal, ética e moral têm mais a ver com problematização da nossa convivência (...)” (p. 36)
 

CITAÇÕES: 3. LIBERDADE: A definição do homem e suas consequências.

 
“(...) uma vez que toda liberdade pressupõe soberania na hora de decidir, inclusive em relação às próprias vísceras, (...)” (p. 38-39)
 

“Enquanto há vida em seres ditos “moventes”, nunca é nula a liberdade de movimento.” (p. 40)
 

O direito, nos estados ditos democráticos – por intermédio das liberdades públicas garantidas constitucionalmente –, já cuidou em parte do problema. Afinal, esta liberdade de pensamento sobre a qual falamos é muito correlata à de informação, de expressão, de culto, etc. Todos nós sabemos que livre é o povo que fala o idioma da sua cultura, que cultua os deuses de sua fé, define o que é sagrado, materializa o absoluto em arte e faz suas escolhas. Delibera seus caminhos e, assim, define seus pontos de chegada e o que quer vir a ser um dia. (p. 41)


Mas graças a esse descolamento dos instintos, há essa liberdade frente à própria natureza, ao homem é facultado o direito de escolha. O tempo todo. Cabe ao homem inovar, criar, improvisar, exceder. Só o homem é capaz de exceder. E o excesso aqui não é pecaminoso. É libertador. E é esse descolamento em relação à própria natureza que permite ao homem descobrir soluções novas para situações inéditas. (p. 49)


CITAÇÕES: 4. IDENTIDADE: Quem somos nós?
 

“Identidade é algo que só importa para nós mesmos, em uma clara operação do pensamento humano.” (p. 59)
 

“Que permite in- formar aquilo que só nós somos – identidade pessoal – e o que somos junto com alguns outros – identidade coletiva –, como os que moram na mesma cidade, no mesmo país, de mesma etnia ou outro grupo qualquer.” (p. 60)

 
“Assim, interlocutores agem para se identificar. (...) Antecipam soluções não calcula- das, tendencialmente adequadas a condições objetivas de manifestação, como a idade presumida do interlocutor, sexo, indumentária, local do encontro, etc.” (p. 64)

 
“Esse conceito de pessoa é de um ser que tem um pensamento sobre si, consciência de si mesmo e de seus próprios pensamentos e percepções do mundo. Tudo isso guardando uma identidade graças à sua memória.” (p. 66)

 
“(...) a consciência acompanha sempre o pensamento, e que é esse que faz com que ele possa se nomear a si mesmo, e possa se distinguir de qualquer outra coisa pensante.” (p. 69)


“(...) a identidade é o resultado sempre provisório de um diálogo entre o social e o sujeito, entre as múltiplas representações enunciadas por esse último – e por ele flagradas – e a forma, sempre criativa e singular, pela qual as rearticula.” (p. 70-71)
 

CITAÇÕES: 5. PODER: Uma arte de relações e reações.

 
“É necessário que, de alguma forma, aceitemos que as regras e modos de tratamento dispensa- dos a uns não valem para outros. Em suma, devemos considerar as relações sociais marcadas por desigualdades.” (p. 76)

 
“Uma vez que o poder está baseado na desigualdade, não é à toa que aqueles que o exercem desenvolvam toda uma estética e rituais em torno de sua pessoa e de seus iguais, procurando manter esse acervo com unhas e dentes.” (p. 76)
 

“Estas atitudes apontam para uma premissa sociológica do poder, quando ele é o efeito de uma relação entre pessoas que interagem em condições de desigualdade.” (p. 77)

 
“As leis deveriam nortear a todos para a vida boa e não o contrário. Deveriam conter a sabedoria do que é bom para todos e não apenas o que é bom para alguns.” (p. 78)
 

Poder, para Platão e todos os que seguiram sua linha idealista de pensamento – que refletiram a questão do poder não a partir do que ele realmente é e de como realmente funciona, mas a partir de como tal poder deveria idealmente ser – algo diferente da dominação, que é sempre condenável, uma força exercida sobre outros de forma legítima. Podemos resumir assim: dominação é força ilegítima, poder é força legítima sobre os outros. (p. 78-79)
 

“Nicolau Maquiavel (...) pensou o poder a partir de uma perspectiva de legitimação (...), pois todo discurso de legitimação nada mais é que uma fala dirigida aos súditos e que torna possível sua dominação.” (p. 82)
 

“O poder é o resultado de um embate, de uma guerra. Tanto é que Maquiavel chega a afirmar que o conhecimento mais importante que um príncipe deve ter é o da arte da guerra. Não que ele vá necessariamente comandar exércitos em batalhas, mas porque na política tudo é guerra.” (p. 84)
 

“Ao apresentar regras sobre como conquistar e manter o poder, Maquiavel também deixa claro algo até então inédito, destacando que o exercer este poder não é propriamente um ato de liberdade.” (p. 86)
 

CITAÇÕES: 6. DOMINAÇÃO: Disciplinados e submissos.
 

“Foucault não foi o primeiro a tratar do poder a partir do ponto de vista daquilo que se faz enquanto se domina. Maquiavel teve a primazia neste aspecto.” (p. 90)
 

“Foucault deixa claro que é um erro tratar poder como um objeto. Poder não é algo que se tem, mas algo que se faz. Uma relação, portanto, e não uma coisa. (...) O poder é aquilo que o detentor da coroa e do cetro consegue infligir a outros.” (p. 90)
 

“A questão central para que se possa compreender o poder como uma relação não é propriamente entender porque alguém manda, mas sim porque quem obedece acata.” (p. 91)

 
“Foucault fala em genealogia do poder, isto é, da compreensão histórica de como determinados saberes foram consagrados como condições de possibilidade de dominação de uns sobre outros.” (p. 93)
 

“Disciplina, para Foucault, significa uma série de práticas de controle dos corpos no tempo e no espaço. Práticas e regras que dizem às pessoas como, onde e quando se comportar.” (p. 93)

 
“Foucault nos ensinou a olhar para outro lado quando se trata de compreender as relações de poder, (...) mas no que se faz e nas desculpas para fazer o que se faz quando se domina. Ele nos indicou como observar e tentar compreender a forma como pensam não os líderes, mas os liderados.” (p. 97)
 

“(...) há aqueles que, conscientemente, tentam dominar a todos pela imposição universal de seus valores e modo de vida. Valorar os saberes e práticas como certo e errado, bom e mau gosto e desqualificar os saberes e opiniões contrárias são as principais estratégias do jogo de imposição e de domínio.” (p. 99)
 

“A excepcional- idade nas relações é a violência, a força bruta que submete alguém. Poder não é força. Em suma, é submissão de uns a outros que, por sua vez, só podem subjugar na medida em que a submissão é compreendida.” (p. 102)
 

CITAÇÕES: 7. A JUSTIÇA E A LEI: Do sentimento à ideia.
 

“A justiça não poderia ser apenas um sentimento oposto ao da injustiça e tampouco uma ideia que não fosse reconhecida por todos como válida.” (p. 107)

 
“Sócrates quer demonstrar que a cidade será muito melhor para todos se as leis forem boas e justas, mas para isso elas deverão ser feitas pelos homens que são bons e justos. Só que a maioria das pessoas não é assim. Para ser bom e justo é preciso saber como as coisas são.” (p. 111)


“(...) para Platão a boa cidade (...) é aquela que possui bons cidadãos; então o bom político seria aquele que contribui para melhorar os homens, o que os torna mais virtuosos. Para tanto, seria preciso, antes, tornar-se virtuoso, conhecendo e cuidando de si mesmo.” (p. 114)
 

Podemos resumir a perspectiva platônica de justiça nos seguintes termos: 1) justiça é ajustamento ao cosmos. 2) Para estar ajustado ao cosmos e viver justamente, é preciso conhecer o seu lugar no cosmos. 3) Esse lugar é referente a um modelo metafísico de existência, um modo de vida válido para todos indistintamente. (p. 117)

 
CITAÇÕES: 8. VIRTUDE: O que faz o homem justo.
 

Antes, só seria bom juiz o conhecedor da essência da justiça, no caso, a ideia do bem. Mas para Aristóteles, em não sendo a justiça uma essência de coisa alguma, não haveria paradoxo algum em sermos juízes desconhecedores da essência do justo. Seríamos desconhecedores do inexistente. Mas o que nos tornaria capazes, então, de julgar justamente, de fazer da vida algo justo? (p. 121)

 
“(...) Platão, a justiça não seria o que faz o homem justo, pois a justiça não seria algo intrínseco à ação humana, mas algo ideal, de outro mundo.” (p. 122)

 
“Em resumo, a justiça aristotélica não é uma lei que transcende até nós, vinda do além, mas uma força ou princípio de ação que está em nós, um modo particular de ser e de agir que pode nos levar a viver bem.” (p. 123)

 
“Para Platão a justiça não seria uma virtude, mas uma ação compatível com o ideal de existência no cosmos. O resultado de uma espécie de dieta dos sentimentos.” (p. 125)
 

(...) Aristóteles acreditava que essa repressão não seria possível. É preciso ser justo sendo ao mesmo tempo um ser desejante e racional. Para isso é preciso ter não apenas uma das virtudes, como a sabedoria ou, no seu caso, a prudência, mas todas elas ao mesmo tempo. É preciso ser corajoso, prudente e temperado para ser também justo. (p. 126)

 
“Para Hume nossa mente ou espírito funcionaria segundo três princípios de organização das ideias ou pensamento: semelhança, contiguidade e causalidade.” (p. 129)
 

“Justiça que não é objetivamente definida em leis, mas relacionalmente definida por tomadas de posição havidas mais em função de um senti- mento do que da razão.” (p. 133)

  

CONSIDERAÇÕES FINAIS
 

A obra de um modo geral apresenta temáticas que fazem as pessoas refletirem a respeito da sua postura e reconstruir o seu pensamento mediante as reflexões apresentadas no livro. É com este ponto de vista que se pode perceber a importância da Filosofia para a construção do pensamento, no tocante a colocar em xeque toda a sua verdade impregnada pelas suas próprias verdades imbuída de valores sociais, políticos e religiosos.
A cada capítulo que se lê percebe-se que há uma abertura para reflexão entre a obra e o leitor, pois é na leitura que o leitor começa a se posicionar frente as suas crenças e valores construídos no seu processo de vida construindo assim a sua identidade e a sua mentalidade a respeito dos fatos que o cerca.
É neste princípio que A filosofia explica as grandes questões da humanidade, como obra, é de suma importância para os acadêmicos que queira criar uma consciência racional no mundo real e profissional, sendo assim é muito pertinente que a disciplina de Filosofia se utilize deste livro para gerar debate, reflexões e retomada de posições a partir da sua própria alteridade reconstruí-la.
Enquanto educador foi muito esclarecedor as partes que abriram os meus olhos referentes a questão de submissão, a relação de poder, a construção da identidade a partir dos conceitos vividos pela ética e moral e como a liberdade pode ser benéfica ou malévola de acordo com a tomada de decisão construindo assim a sua virtude perante o conceito de justiça e honestidade e como posso trabalhá-las para a ordem e o bem comum.
Partindo do ponto de vista anterior perceber-se o quanto Barros Filho contribuiu para a reconstrução das tomadas de decisão para melhor atender aos meus alunos. Se todos os educadores tivessem acesso a esta obra seria muito mais fácil chegar a uma solução mais palpável e condizente à realidade e, acima de tudo, a uma postura profissional mais segura e firme para melhor encaminhar os alunos na construção da sua própria identidade mais consciente e mais crítica de ante da sua realidade social.