CANDAU, Vera Maria, (org.). A didática em questão. 30 ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
Ronye
Márcio Cruz de Santana[1]
CAPÍTULO
I - Papel da didática na formação de professores.
OBJETIVOS
DA OBRA:
1] Promover uma revisão crítica do ensino e
da pesquisa em didática;
2] Responder a uma necessidade vivida pelos
profissionais da área no momento atual;
3] Oferecer aos profissionais da educação um
debate sobre a prática educativa em várias perspectivas didáticas;
4] Estimular a busca de propostas
alternativas que visem a ampliação quantitativa e a melhoria qualitativa das
oportunidades para a população brasileira.
CITAÇÕES:
1.
Um ponto de partida: a multidimensionalidade do processo de ensino-aprendizagem
O objeto de estudo da
didática é o processo de ensino-aprendizagem. Toda proposta didática está
impregnada, implícita ou explicitamente, de uma concepção do processo de
ensino-aprendizagem.
(...)
Que o processo de ensino-aprendizagem, para ser adequadamente compreendido,
precisa ser analisado de tal modo que articule consistentemente as dimensões
humana, técnica e político-social. (p. 14)
2. Ensinando didática
Desde
o início dos anos 60 o desenvolvimento da Tecnologia Educacional e,
concretamente, do Ensino Programado, vinha exercendo forte impacto na área da
Didática. De uma concepção da tecnologia educacional que enfatiza os meios,
conceito centrado no meio e, consequentemente, os recursos tecnológicos, se
passava a uma visão da tecnologia educacional como processo. De fato esta
concepção partia da conjugação da psicologia behaviorista, da teoria da
comunicação e do enfoque sistêmico e se propunha desenvolver uma forma
sistemática de planejar o processo de ensino-aprendizagem, baseando-se em
conhecimentos científicos e visando a sua produtividade, isto é, o alcance dos
objetivos propostos de forma eficiente e eficaz. (p. 19)
Mas
a crítica à visão exclusivamente instrucional da didática não pode se reduzir à
sua negação. Competência técnica e competência política não são aspectos
contrapostos. A prática pedagógica, exatamente por ser política, exige a
competência técnica. As dimensões política, técnica e humana da pedagogia se
exigem reciprocamente. Mas esta mútua implicação não se dá automaticamente e
espontaneamente. É necessário que seja conscientemente trabalhada. Daí a
necessidade de uma didática fundamental.
(p. 23)
PARECER:
As
relações de ensino tradicional frente a didática fundamental coadunam no seu
contexto, isto é, aonde está sendo aplicado, no entanto diverge na sua
utilização, pois cada proposta tem um foco metodológico diferente e uma
aplicabilidade diferenciada no contexto socioeducativo.
O que
se deve perceber é que uma metodologia está voltada às normas e regras do
movimento militarista, enquanto a fundamentalista permeia a troca de
informações e a construção do conhecimento por meio do questionamento, da
pesquisa e da solução dos problemas existentes.
CITAÇÕES
O papel da didática na formação
do educador.
Cipriano Carlos Luckesi
“Formar o educador (...) deverá ser (...) um modelo de
auxiliar o sujeito a adquirir uma atitude crítica frente ao mundo de tal forma
que o habilite a agir junto a seres humanos num processo efetivamente
educativo.” (p. 29)
“(...) a didática (...). Deverá ser, sim, um modo crítico de
desenvolver uma prática educativa, forjadora de um projeto histórico, que não
se fará tão somente pelo educador, conjuntamente, com o educando e outros
membros dos diversos setores da sociedade.” (p. 33)
PARECER:
A
princípio o que se observa é que Cipriano faz uma crítica aos moldes
educacionais, pois a formação do educador está voltada às políticas de uma
didática geo-histórica enraizada nos moldes industriais de produção, no entanto
o educador tem que primordial o ensino por contextualização e por decisões
filosófico-políticas em que a epistemologia dê conta desse processo histórico
para que a sociedade se desenvolva.
CITAÇÕES
Pressupostos teóricos da
didática
Carlos Alberto Gomes dos Santos
“(...) [A ciência da educação] (...) haveria a possibilidade
de construir um corpus teórico
constituído de hipóteses, de leis, de conceitos e de metodologia própria às
investigações pedagógicas, tornando-as assim imunes ao domínio das ideologias.”
(p. 38, [Grifo Meu])
“A Didática é uma tecnologia aplicada que se constitui e que
se desenvolve em decorrência dos estudos que ciências, como Psicologia,
Biologia e Sociologia entre outras, lhe apresentam sobre os problemas de ensino
e aprendizagem.” (p. 41)
PARECER
A
grande crítica é que Santos nos esclarece é que nenhuma ciência é dona da Didática,
no entanto ela se apossa das ciências para construir seu arcabouço e se
constituir como campo ideológico, político, geo-histórico, psicológico e social
para formar assim um docente mais completo, coerente e condizente com a
sociedade atual de acordo com suas necessidades e objetivos.
CITAÇÕES
Oswaldo Alonso Rays
“(...) a prática educativa se processa em suas relações com
a sociedade mais geral. Nesse contexto, emerge a consciência da não neutralidade
da educação frente à realidade social, econômica, política e cultural.” (p. 43)
“É pela ação e pela reflexão-crítica-analítica que,
conjuntamente, educador e educando atingem o desequilíbrio da certeza
pedagógica do fazer didático.” (p. 49)
PARECER
O que
salienta Rays é que os procedimentos didáticos não é somente o ato de fazer,
mas o ato de sempre procurar um resposto para tudo que há, se há problemas é
porque há uma solução e a didática deve vir com esse viés de crítica e
autocrítica, com pesquisa e elaboração de pressupostos que atendam a demanda do
problema que que possa solucioná-los.
CITAÇÕES
Abordagens alternativas para o
ensino da didática
Zaia Brandão
Revendo
os livros (...) há uma significativa melhora na organização e sistematização dos
conteúdos da didática, houve uma aplicação desses conteúdos em relação à minha
fase de estudante: análise sistêmica, formulação de objetivos, avaliação,
técnicas de trabalho em grupo, etc. Além disso, uma certa “sofisticação
científica” da área é indiscutível. (p. 59)
“(...) o professor aprende a ensinar ensinando, ou seja, na
prática; é aí que desenvolve a “sua didática”, obedecendo ao seu estilo.” (p.
60-61)
PARECER
A crise
crescente no mercado editorial e ao mesmo tempo o mundo corporativo dos livros
didáticos passaram a divergir na sua essência, enquanto um reproduz receitas
para que os professores construam o seu caminho pedagógico elitizado, o outro
tento libertar o professor das amarras ideológicas do capitalismo e da
alienação política, que só fez professores tornar-se cegos e a caminharem com
as muletas ‘o livro didático’ a fazer assim com que os alunos se acomodassem
também deixando de enxergar o caminho espinhoso e prazeroso da aprendizagem
significativa.
CITAÇÕES
Ensino por meio de soluções de
problemas
Margot Bertolucci Ott
No
passado, o ensino como solução de problemas foi muito estimulado,
principalmente, como uma metodologia para desenvolver criatividade. Então
importava a complexidade e a novidade da situação para a realização do
trabalho. O conteúdo deveria ser atraente para envolver o aluno na solução.
Deformas alguma, era requisito que o problema fosse uma situação real. (p. 67)
“No ensino por meio de solução de problemas, o aluno se defronta com situações reais e concretas e tem muitas alternativas, tanto para compreender o problema, perceber suas implicações como para pensar em alternativas de solução.” (p. 70)
PARECER
O
objetivo central do ensino por problemática é a de que o professor não é o
centro do conhecimento, nem aquele que possui todas as respostas, no entanto é
aquela que levanta propostas de trabalho baseado na realidade local e com essas
informações eles possam construir um projeto, cujas finalidades são melhorá-las
ou saná-las e é com embasamento pedagógico que os alunos procurarão respaldo
para as soluções dos problemas.
É
somente com o estudo do objeto em questão que os alunos com o apoio dos
professores serão traçados um projeto em que constará todas as etapas que
permeará aplicação do mesmo.
CITAÇÕES
Novos enfoques da pesquisa em
didática
Menga Lüdke
A
propósito exatamente da evolução vivida pela disciplina da avaliação, a partir
do pensamento crítico de autores (...) é que eu gostaria de apresentar minha
proposta para pesquisa em didática: que ela se desenvolva também a partir da
busca novas metodologias, que melhor correspondam às necessidades de estudo
sentidas na área. (p. 87)
(...)
O registro, análise e interpretação do evento, mesmo feitos pelos próprios
agentes da experiência, irão permitir melhor compreensão dos fatores
possivelmente influentes em seu sucesso ou fracasso. Isso permitirá também a
comunicação da experiência, que irá se beneficiar da crítica de outros
educadores e servirá por sua vez de estímulo sugestivo de outras tentativas.
(p. 91)
PARECER
A
crítica de Lüdke aos projetos de pesquisa perpassa por uma análise histórica a
respeito da pesquisa e como se encontra os níveis de pesquisa hoje, ou como se
pensa em pesquisa na atualidade e como elas ajudam no processo de ensinoaprendizagem
e a importância que essa metodologia traz a ampliação dos horizontes dos
educandos.
A
autora passeia pelo campo das ideias intrínsecas da ideologia do projeto e
quais benefícios e contribuições elas trazem ao conhecimento humano e social
servindo de estímulo ao processo de pesquisa e questionamento da realidade.
CITAÇÕES
A pesquisa em didática:
Realidade e propostas
Newton Cesar Balzan
“Evidentemente, qualquer solução que pretenda se restringir
aos problemas educacionais estaria fadada ao fracasso, diante de um quadro ande
os aspectos políticos, econômicos e sociais antecedem, permeiam e ao mesmo
tempo refletem o aspecto educacional.” (p. 103)
Quando
se tem presente que a Educação é parte de um contexto mais amplo – social,
econômico, político e cultural – quando se vive de fato – o que significa, por
exemplo, conhecer e sentir-se atingido pelas precárias condições de vida e de
trabalho oferecidos aos trabalhadores em geral – inclusive o magistério – os
conteúdos das disciplinas de Licenciaturas ganham nova dimensão. Sem perder sua
individualidade, adquirem maior abrangência e profundidade. Em termos
concretos, isto implica trabalhar com esses conteúdos, tendo como base as
diferentes situações intraescolares – sobre as quais os futuros docentes
poderão atuar – conteúdos estes vistos sob a ´tica da problemática social mais
ampla, que se constitui como referencial permanente, ou como pano de fundo. (p.
105)
PARECER
Toda
vez que a pesquisa didática se aliar aos fatores sociais e a partir dela surgir
discursão para a melhoria da vida de todos e que surta efeito na qualidade a
pesquisa torna-se um alicerce fundamental para construção do meio social, daí
da importância da construção dos projetos por meio da realidade existente.
O que
Balzan nos esclarece é que a escola com as suas potencialidades curriculares,
pedagógicos e ideológicos possa construir situações que vão embasar a proposta
pedagógica da escola e com este estudo a escola devolverá como resposta a
solução dos problemas existentes na sociedade em questão.
PARECER CRÍTICO
A obra
limita-se a esclarecer o ponto fundamental sobre a didática e a relação do
ensino voltado para a aprendizagem. É com esta dualidade que os autores
esmiúçam e revisitam os conceitos a respeito da importância da educação, a
funcionalidade da Didática para a prática dos professores, a formação e a
qualificação profissional e a sua atualidade, bem como a ampliação de novas
propostas pedagógicas e como elas se apresentam no âmbito escolar.
Em
outras partes os autores limitam-se a explanação da prática educativa e as
alternativas que escolas dão para o conhecimento qualitativo em relação aos
quantitativos e como se apresentam estas estruturas na grade curricular e
pedagógico no país, já que a sociedade passa por uma transformação constante
seja tecnológica, seja científica, seja política, seja filosófica e social,
contudo como anda as transformações pedagógicas? Como os educadores lidam com
as mudanças constantemente na sala de aula? É nessa perspectiva que esta obra
coletiva organizada por Vera Maria Candau vem nos dar um lume e um parâmetro
para as teorias pedagógicas como aperfeiçoar a prática pedagógica.
A
didática em questão é uma obra fundamental para todo e qualquer
profissional da área da educação seja qual for a disciplina ela nos traz um
norte a seguir e nos dá um panorama conceitual e procedimental da prática
pedagógica, e ainda, vai mais além nos revela pesquisas importantes para
construção da prática e do ato de ensinar com significado permeando a
eficiência e a eficácia no ensinoaprendizagem.
O livro
como ferramenta de conhecimento serve como uma mola propulsora para alavancar
ideias para a formação profissional, é nessa perspectiva que a obra contribuiu
e ampliou ainda mais o meu conhecimento a partis do que seja Didática e quais
as diretrizes essenciais para a construção de profissão segura e consciente do
meu papel enquanto professor. Para os demais, deixo aqui claro que essa
bibliografia é fundamental para todo profissional da educação, ou que com ela
lida direta, ou indiretamente, precisa conhecer a sua literatura para que
desmistifique o pensamento errôneo sobre o que educar e como poder melhor
contribuir para uma educação mais eficiente e com uma maior qualidade para a
sociedade em que está inserida.
[1] Acadêmico do Curso de Letras, trabalho de Fichamento da disciplina de
Didática orientado pelo professor Tárcio.
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