Em si mesmo

Em si mesmo, viver é uma arte
E na arte de viver
É, simultaneamente, o homem:
O artista e o objeto de sua arte
Assim como: o escritor e a palavra.
Ronye Márcio

Pesquisar este blog

sábado, outubro 04, 2014

A didática em questão


 
 
CANDAU, Vera Maria, (org.). A didática em questão. 30 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

 
 
Ronye Márcio Cruz de Santana[1]

CAPÍTULO I - Papel da didática na formação de professores.

 
OBJETIVOS DA OBRA:

 
1] Promover uma revisão crítica do ensino e da pesquisa em didática;
2] Responder a uma necessidade vivida pelos profissionais da área no momento atual;
3] Oferecer aos profissionais da educação um debate sobre a prática educativa em várias perspectivas didáticas;
4] Estimular a busca de propostas alternativas que visem a ampliação quantitativa e a melhoria qualitativa das oportunidades para a população brasileira.
 
CITAÇÕES:

 
1. Um ponto de partida: a multidimensionalidade do processo de ensino-aprendizagem


O objeto de estudo da didática é o processo de ensino-aprendizagem. Toda proposta didática está impregnada, implícita ou explicitamente, de uma concepção do processo de ensino-aprendizagem.
(...) Que o processo de ensino-aprendizagem, para ser adequadamente compreendido, precisa ser analisado de tal modo que articule consistentemente as dimensões humana, técnica e político-social. (p. 14)


2. Ensinando didática

Desde o início dos anos 60 o desenvolvimento da Tecnologia Educacional e, concretamente, do Ensino Programado, vinha exercendo forte impacto na área da Didática. De uma concepção da tecnologia educacional que enfatiza os meios, conceito centrado no meio e, consequentemente, os recursos tecnológicos, se passava a uma visão da tecnologia educacional como processo. De fato esta concepção partia da conjugação da psicologia behaviorista, da teoria da comunicação e do enfoque sistêmico e se propunha desenvolver uma forma sistemática de planejar o processo de ensino-aprendizagem, baseando-se em conhecimentos científicos e visando a sua produtividade, isto é, o alcance dos objetivos propostos de forma eficiente e eficaz. (p. 19)


 3. De uma didática instrumental a uma didática fundamental


Mas a crítica à visão exclusivamente instrucional da didática não pode se reduzir à sua negação. Competência técnica e competência política não são aspectos contrapostos. A prática pedagógica, exatamente por ser política, exige a competência técnica. As dimensões política, técnica e humana da pedagogia se exigem reciprocamente. Mas esta mútua implicação não se dá automaticamente e espontaneamente. É necessário que seja conscientemente trabalhada. Daí a necessidade de uma didática fundamental. (p. 23)


PARECER:


          As relações de ensino tradicional frente a didática fundamental coadunam no seu contexto, isto é, aonde está sendo aplicado, no entanto diverge na sua utilização, pois cada proposta tem um foco metodológico diferente e uma aplicabilidade diferenciada no contexto socioeducativo.
          O que se deve perceber é que uma metodologia está voltada às normas e regras do movimento militarista, enquanto a fundamentalista permeia a troca de informações e a construção do conhecimento por meio do questionamento, da pesquisa e da solução dos problemas existentes.
 

CITAÇÕES
 

O papel da didática na formação do educador.
 

Cipriano Carlos Luckesi

 “(...) educador é o profissional que se dedica à atividade de intencionalmente, cria condições de desenvolvimento de condutas desejáveis, seja do ponto de vista do indivíduo, seja do ponto de vista do grupamento humano.” (p. 26)
 
 
“Formar o educador (...) deverá ser (...) um modelo de auxiliar o sujeito a adquirir uma atitude crítica frente ao mundo de tal forma que o habilite a agir junto a seres humanos num processo efetivamente educativo.” (p. 29)
 
 
“(...) a didática (...). Deverá ser, sim, um modo crítico de desenvolver uma prática educativa, forjadora de um projeto histórico, que não se fará tão somente pelo educador, conjuntamente, com o educando e outros membros dos diversos setores da sociedade.” (p. 33)
 

PARECER:


          A princípio o que se observa é que Cipriano faz uma crítica aos moldes educacionais, pois a formação do educador está voltada às políticas de uma didática geo-histórica enraizada nos moldes industriais de produção, no entanto o educador tem que primordial o ensino por contextualização e por decisões filosófico-políticas em que a epistemologia dê conta desse processo histórico para que a sociedade se desenvolva. 

 
CITAÇÕES


Pressupostos teóricos da didática
 

Carlos Alberto Gomes dos Santos


“(...) [A ciência da educação] (...) haveria a possibilidade de construir um corpus teórico constituído de hipóteses, de leis, de conceitos e de metodologia própria às investigações pedagógicas, tornando-as assim imunes ao domínio das ideologias.” (p. 38, [Grifo Meu])
 
 
“A Didática é uma tecnologia aplicada que se constitui e que se desenvolve em decorrência dos estudos que ciências, como Psicologia, Biologia e Sociologia entre outras, lhe apresentam sobre os problemas de ensino e aprendizagem.” (p. 41)

 
PARECER
 

          A grande crítica é que Santos nos esclarece é que nenhuma ciência é dona da Didática, no entanto ela se apossa das ciências para construir seu arcabouço e se constituir como campo ideológico, político, geo-histórico, psicológico e social para formar assim um docente mais completo, coerente e condizente com a sociedade atual de acordo com suas necessidades e objetivos.

 
CITAÇÕES


 Pressupostos teóricos para o ensino da didática


Oswaldo Alonso Rays
 

“(...) a prática educativa se processa em suas relações com a sociedade mais geral. Nesse contexto, emerge a consciência da não neutralidade da educação frente à realidade social, econômica, política e cultural.” (p. 43)
 
 
“É pela ação e pela reflexão-crítica-analítica que, conjuntamente, educador e educando atingem o desequilíbrio da certeza pedagógica do fazer didático.” (p. 49)
 

PARECER

 
          O que salienta Rays é que os procedimentos didáticos não é somente o ato de fazer, mas o ato de sempre procurar um resposto para tudo que há, se há problemas é porque há uma solução e a didática deve vir com esse viés de crítica e autocrítica, com pesquisa e elaboração de pressupostos que atendam a demanda do problema que que possa solucioná-los.
 
CITAÇÕES


Abordagens alternativas para o ensino da didática

 

Zaia Brandão


Revendo os livros (...) há uma significativa melhora na organização e sistematização dos conteúdos da didática, houve uma aplicação desses conteúdos em relação à minha fase de estudante: análise sistêmica, formulação de objetivos, avaliação, técnicas de trabalho em grupo, etc. Além disso, uma certa “sofisticação científica” da área é indiscutível. (p. 59)
 
“(...) o professor aprende a ensinar ensinando, ou seja, na prática; é aí que desenvolve a “sua didática”, obedecendo ao seu estilo.” (p. 60-61)

 
PARECER

 
          A crise crescente no mercado editorial e ao mesmo tempo o mundo corporativo dos livros didáticos passaram a divergir na sua essência, enquanto um reproduz receitas para que os professores construam o seu caminho pedagógico elitizado, o outro tento libertar o professor das amarras ideológicas do capitalismo e da alienação política, que só fez professores tornar-se cegos e a caminharem com as muletas ‘o livro didático’ a fazer assim com que os alunos se acomodassem também deixando de enxergar o caminho espinhoso e prazeroso da aprendizagem significativa.

 
CITAÇÕES
 

Ensino por meio de soluções de problemas

 

Margot Bertolucci Ott


No passado, o ensino como solução de problemas foi muito estimulado, principalmente, como uma metodologia para desenvolver criatividade. Então importava a complexidade e a novidade da situação para a realização do trabalho. O conteúdo deveria ser atraente para envolver o aluno na solução. Deformas alguma, era requisito que o problema fosse uma situação real. (p. 67)

“No ensino por meio de solução de problemas, o aluno se defronta com situações reais e concretas e tem muitas alternativas, tanto para compreender o problema, perceber suas implicações como para pensar em alternativas de solução.” (p. 70)


PARECER


          O objetivo central do ensino por problemática é a de que o professor não é o centro do conhecimento, nem aquele que possui todas as respostas, no entanto é aquela que levanta propostas de trabalho baseado na realidade local e com essas informações eles possam construir um projeto, cujas finalidades são melhorá-las ou saná-las e é com embasamento pedagógico que os alunos procurarão respaldo para as soluções dos problemas.
          É somente com o estudo do objeto em questão que os alunos com o apoio dos professores serão traçados um projeto em que constará todas as etapas que permeará aplicação do mesmo.

 
CITAÇÕES

 
Novos enfoques da pesquisa em didática
 

Menga Lüdke

 
A propósito exatamente da evolução vivida pela disciplina da avaliação, a partir do pensamento crítico de autores (...) é que eu gostaria de apresentar minha proposta para pesquisa em didática: que ela se desenvolva também a partir da busca novas metodologias, que melhor correspondam às necessidades de estudo sentidas na área. (p. 87)
 
 
(...) O registro, análise e interpretação do evento, mesmo feitos pelos próprios agentes da experiência, irão permitir melhor compreensão dos fatores possivelmente influentes em seu sucesso ou fracasso. Isso permitirá também a comunicação da experiência, que irá se beneficiar da crítica de outros educadores e servirá por sua vez de estímulo sugestivo de outras tentativas. (p. 91)

 
PARECER

 
          A crítica de Lüdke aos projetos de pesquisa perpassa por uma análise histórica a respeito da pesquisa e como se encontra os níveis de pesquisa hoje, ou como se pensa em pesquisa na atualidade e como elas ajudam no processo de ensinoaprendizagem e a importância que essa metodologia traz a ampliação dos horizontes dos educandos.
          A autora passeia pelo campo das ideias intrínsecas da ideologia do projeto e quais benefícios e contribuições elas trazem ao conhecimento humano e social servindo de estímulo ao processo de pesquisa e questionamento da realidade.

 
CITAÇÕES

 
A pesquisa em didática: Realidade e propostas
 

Newton Cesar Balzan


“Evidentemente, qualquer solução que pretenda se restringir aos problemas educacionais estaria fadada ao fracasso, diante de um quadro ande os aspectos políticos, econômicos e sociais antecedem, permeiam e ao mesmo tempo refletem o aspecto educacional.” (p. 103)
 

Quando se tem presente que a Educação é parte de um contexto mais amplo – social, econômico, político e cultural – quando se vive de fato – o que significa, por exemplo, conhecer e sentir-se atingido pelas precárias condições de vida e de trabalho oferecidos aos trabalhadores em geral – inclusive o magistério – os conteúdos das disciplinas de Licenciaturas ganham nova dimensão. Sem perder sua individualidade, adquirem maior abrangência e profundidade. Em termos concretos, isto implica trabalhar com esses conteúdos, tendo como base as diferentes situações intraescolares – sobre as quais os futuros docentes poderão atuar – conteúdos estes vistos sob a ´tica da problemática social mais ampla, que se constitui como referencial permanente, ou como pano de fundo. (p. 105)
 

PARECER

 
          Toda vez que a pesquisa didática se aliar aos fatores sociais e a partir dela surgir discursão para a melhoria da vida de todos e que surta efeito na qualidade a pesquisa torna-se um alicerce fundamental para construção do meio social, daí da importância da construção dos projetos por meio da realidade existente.
          O que Balzan nos esclarece é que a escola com as suas potencialidades curriculares, pedagógicos e ideológicos possa construir situações que vão embasar a proposta pedagógica da escola e com este estudo a escola devolverá como resposta a solução dos problemas existentes na sociedade em questão.

  

PARECER CRÍTICO

 
          A obra limita-se a esclarecer o ponto fundamental sobre a didática e a relação do ensino voltado para a aprendizagem. É com esta dualidade que os autores esmiúçam e revisitam os conceitos a respeito da importância da educação, a funcionalidade da Didática para a prática dos professores, a formação e a qualificação profissional e a sua atualidade, bem como a ampliação de novas propostas pedagógicas e como elas se apresentam no âmbito escolar.
          Em outras partes os autores limitam-se a explanação da prática educativa e as alternativas que escolas dão para o conhecimento qualitativo em relação aos quantitativos e como se apresentam estas estruturas na grade curricular e pedagógico no país, já que a sociedade passa por uma transformação constante seja tecnológica, seja científica, seja política, seja filosófica e social, contudo como anda as transformações pedagógicas? Como os educadores lidam com as mudanças constantemente na sala de aula? É nessa perspectiva que esta obra coletiva organizada por Vera Maria Candau vem nos dar um lume e um parâmetro para as teorias pedagógicas como aperfeiçoar a prática pedagógica.
           A didática em questão é uma obra fundamental para todo e qualquer profissional da área da educação seja qual for a disciplina ela nos traz um norte a seguir e nos dá um panorama conceitual e procedimental da prática pedagógica, e ainda, vai mais além nos revela pesquisas importantes para construção da prática e do ato de ensinar com significado permeando a eficiência e a eficácia no ensinoaprendizagem.
          O livro como ferramenta de conhecimento serve como uma mola propulsora para alavancar ideias para a formação profissional, é nessa perspectiva que a obra contribuiu e ampliou ainda mais o meu conhecimento a partis do que seja Didática e quais as diretrizes essenciais para a construção de profissão segura e consciente do meu papel enquanto professor. Para os demais, deixo aqui claro que essa bibliografia é fundamental para todo profissional da educação, ou que com ela lida direta, ou indiretamente, precisa conhecer a sua literatura para que desmistifique o pensamento errôneo sobre o que educar e como poder melhor contribuir para uma educação mais eficiente e com uma maior qualidade para a sociedade em que está inserida.




[1] Acadêmico do Curso de Letras, trabalho de Fichamento da disciplina de Didática orientado pelo professor Tárcio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário