Copyright by Ronye Márcio
Feito em 16 a 26 de Setembro de 2010
O dia amanheceu magnífico, o sol estava brilhando com aqueles raios aquecedores e envolventes que parecia que estava te abraçando e te afagando e fazia a pele se arrepiar do frescor dos raios no corpo.
Fechei os olhos e respirei fundo para sentir o frescor do ar e a sensação agradável da atmosfera que estava em meu redor. O ar tinha o aroma suave das flores silvestres que dava a sensação acolhedora do campo.
Em pé, em frente de casa de olhos fechados estava sentido a emoção de estar no campo verde, num dia ensolarado e esplêndido para se curtir a natureza; o vento marotamente brincando com as folhas das árvores e com os meus cabelos deixando-os arrepiados e embaraçados, no entanto a emoção de sentir a natureza tão viva, tão irradiante e tão marota como uma criança descobrindo uma nova emoção de estar eu um lugar onde nunca esteve, ou a sensação de estrear um novo brinquedo, ou então aquela euforia ou vivacidade de poder correr livre para qualquer lugar sem se preocupar com nada, só em se divertir.
De olhos ainda fechados contemplando a natureza no meu corpo dava para ouvir os pássaros cantarolando hinos de amor e felicidade a Deus e a natureza agradecendo a dádiva de serem livres e felizes nesse momento primaveril. O canto era harmônico e maravilhoso parecendo um coral com seus tons agudos e graves que acalentava a alma e o corpo transportando-os para um ambiente de total paz e amor.
Em frente de casa tinha uma cerca verde e totalmente coberta de flores silvestres, quando observei melhor a cerca estava coberta de borboletas voando de uma flor para outra sugando os seus néctares para se alimentar e manter o equilíbrio da natureza.
Elas bailavam no ar como se fossem bailarinas movimentando-se para cima e para baixo nas ondas do vento, como se fosse a música que embalava as bailarinas nos seus saltos e rodopios magistrais. Lembrando aquelas crianças faceiras e apimentadas que não conseguem ficar em lugar algum, nem que seja por dois minutos de repouso.
Nesse momento de repouso e descontração senti uns puxões na barra da minha camisa, quando abri os olhos era o meu filho com aqueles olhos pidões e ávido de informação era a famosa fase dos por quês... Eu já não agüentava mais explicar tantas coisas para o meu filho, era tanta pergunta que me deixava ébrio, parecia mais uma barata tonta preste a ser massacrada ou dando sopa para um predador.
A sensação era horrível e desconfortante, contudo era gratificante ver aqueles olhos brilhantes querendo saber de tudo,e quanto mais eu explicava mais ele perguntava, eram dúvidas infinitas e pertinentes para qualquer um.
A primeira pergunta que ele me fez foi:
__ Pai, como nasce uma borboleta?
Imagine você nesse momento de contemplação natural e espiritual e ter que parar para responder uma pergunta científica dessa. É somente sendo pai para passar por isso!
Olhei para o meu Grandão, pois é assim que eu o chamo. Peguei-o no colo e levei-o para a cerca natural, aproximamo-nos das flores e das borboletas e lá comecei a explicar o processo pela qual passa a lagarta até chegar a ser uma bela borboleta.
__ Péricles, para nascer uma borboleta, primeiro tem que nascer a lagarta.
Ele com aquela carinha de incrédulo franziu a testa e meio irritado me explicou o seguinte e me perguntou:
__ Mas a lagarta é um animal e a borboleta é outro animal. Eles não se misturam, papai! A borboleta voa e a lagarta não voa. Mas como um faz nascer a outra?
__ Meu filho, a lagarta é um ser metamórfica...
Antes mesmo de terminar a explicação ele me questiona outra vez.
__ Mas o que é metamórfica?
__ Metamórfica vem da palavra metamorfose que significa mudança de forma, isto é, é quando um animal tem uma profunda mudança de forma e aparência que ocorre de uma fase da vida para a outra, como é o caso da lagarta, do mosquito, do sapo e etc.
__ Pai, não entendi?
Como a explicação era muito abstrata para a cabeça do meu filho, tive que recorrer para os documentários que ele tinha, que era o filme Microcosmos, que justamente falava dos insetos e dentre estes tinha um capítulo sobre as borboletas.
À medida que o documentário ia passando, eu explicava mais detalhado para ele para que pudesse compreender melhor o processo de mudança e transformação desse pequeno animal.
A película iniciava com a lagarta saindo do ovo. Ele ficou maravilhado com a eclosão e a fome voraz que tinha ao nascer. Péricles ficou impressionado quando ele viu a lagarta comendo o próprio ovo, a curiosidade foi tanta que quis saber por que ele comia a casca do ovo.
Tive que explicar que as lagartas se alimentam das cascas porque tem muito nutriente e ia alimentá-la até conseguir chegar a uma folha para saciar a sua fome.
__ Então, pai! A lagarta tem fome?
__ Sim, todo ser vivo precisa se alimentar para poder continuar a própria espécie. Ela tem que nascer, crescer, namorar, que dizemos acasalar para os animais, pôr os ovos, que serão seus futuros filhotes, envelhecer e morre.
Nas imagens ele percebeu que a lagarta come muito e que ela pode destruir uma plantação. Percebeu que ela era uma prega para a lavoura e que causaria muitos prejuízos para os agricultores.
Depois que ela comeu bastante, a lagarta se dirigiu para uma árvore que tinha um galho seguro e começou a tecer o seu casulo para entrar no seu processo de metamorfose.
Após ter terminado o casulo os dias e as noites foram passando. A textura e a coloração do casulo foram mudando, até que a magia da natureza se concretiza, ela rompe o casulo e cada vez mais a força para sair; a estrutura do casulo se fortificou durante o passar dos dias para protegê-la do clima, por essa razão é que ela se debate muito para sair.
A borboleta, também, gostou todas as suas forças para fazer o processo de metamorfose, daí a dificuldade para romper casulo. À medida que ela forçava saía mais um pouco, isso era necessário para esticar e fortalecer as suas asas, sem esse processo ela perde os movimentos delas e se torna uma presa fácil. Quando ela consegue sair do casulo ela passa um tempo esticando-as e se aquecendo para levantar o vôo para se acasalar e pôr seus ovos e fechar esse ciclo de sobrevivência.
Esse tempo todo Péricles estava com os olhos fixos na televisão, encantado com o show da vida e cada cena era determinante para ele compreender que a lagarta se transformava na borboleta e que ela era responsável para a existência das lagartas.
Quando ele compreendeu essa dinâmica, todo extasiado saiu correndo para frente de casa e ficou contemplando as borboletas voando por todos os lados, de flor em flor, de um canto para o outro, subindo e descendo como um balé em harmonia.
Nesse momento o vizinho da frente olha para o Péricles e curioso pergunta:
__ O que você está fazendo, Péricles?
__ Eu estou olhando as borboletas se alimentando do néctar das flores. Tenório, você sabia que a borboleta faz nascer à lagarta e que a lagarta vira a borboleta?
__ É mesmo?
Desse momento em diante não ouvi mais ele contando a história da lagarta e da borboleta, mas o que soube foi que ele foi muito elogiado por Seu Tenório pela inteligência e o domínio que ele tinha sobre os assuntos dos animais.
Bem até o momento o sonho dele é ser veterinário, pelo menos ele está percorrendo o caminho certo.
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