Em si mesmo

Em si mesmo, viver é uma arte
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Ronye Márcio

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quinta-feira, janeiro 26, 2012

ALFABETIZAR SURDOS A PARTIR DAS MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS NO CONTEXTO DA DIGITAÇÃO EM LIBRAS.

ALPHABETIZE DEAF FROM MULTIPLE INTELLIGENCES TYPING IN THE CONTEXT OF LIBRAS.



Ronye Márcio Cruz de Santana



RESUMO

Como uma palavra pode ter várias representações? A imagem é uma das respostas da qual tentarei explicar como uso da libertação do olhar em Libras, contudo o valor polissêmico linguístico só pode acontecer na linguagem, isto é, no contexto da Língua. No sentido polissêmico da linguagem as palavras possuem sentidos, pois elas dependem dos modificadores ou do contexto para assim assumirem o seu real significado contextual tanto em Português, ou em Inglês, quanto em Libras. Ao mostrar que dependendo da linguagem também pode mudar o sentido da digitação, pois as palavras possuem um sentido e uma estrutura completamente diferente. O modo de alfabetizar requer muita imagem e simbologia e por ela introduzir o alfabeto escrito e o alfabeto digitado, para que o surdo assimile a relação das imagens às palavras escritas ou digitadas.

PALAVRAS-CHAVE: Alfabetização, surdos, as múltiplas inteligências, contexto da digitação, Libras.


ABSTRACT

How a word can have multiple representations? The image is one of the answers of which I try to explain how to use of the liberation from the look in Libras, however the value polysemic linguistic can only happen in the language, that is, in the context of language. In the multiple meanings of language words have meanings, because they depend on the context for modifying or just take your real contextual meaning so in Portuguese or in English, as in Libras. By showing that depending on the language can also change the meaning of typing, because the words have a meaning and a completely different structure. The mode of teaching requires a lot of images and symbols and it to introduce the writing alphabet and typed alphabet, so that deaf people assimilate the relation of images to words written or typed.

KEY WORDS: Literacy; deaf; the multiple intelligences; context of digital; Libras.



1. INTRODUÇÃO



Alfabetizar é muito mais do que a ler e a escrever, pois como toda leitura, tanto a criança, quanto o adulto para traçar um diálogo têm um referencial e este parte do seu contexto de vida que abrange o seu contexto cultural, social, religioso e familiar.

No contexto de alfabetização do surdo não é diferente, pois ele tem que construir esse referencial, o que muda é o método em que se construir esse referencial e o modo como será utilizado para si comunicar, pois ele não possue a audição para produzir a fala, por isso é que a forma de ensino é mais demorada e mais sutil do que a alfabetização de ouvintes.

As práticas da teoria da libertação do olhar desenvolvidas por Antunes (2001) nos dizem que essa prática de alfabetização “deve começar em casa, mas é na escola que surge a oportunidade de freqüentar o campo da arte indo a museus e exposições e assistindo a apresentações.” (p. 79-80)

Para o contexto de análise serão retirados substantivos da canção what a wonderful world e a sua tradução no contexto da escrita em Português a contrapor-se com a digitação em Português/Libras.

O contexto da relação do substantivo em Inglês / Português / Digitação em Libras / imagem é analisado por meio da comparação facilitando assim a aprendizagem do deficiente auditivo e potencializando a linguagem visual do surdo.



2. COMO ALFABETIZAR SURDOS A PARTIR DA TEORIA DA LIBERTAÇÃO DO OLHAR.



As representações de um gesto ou ação podem ter várias escritas dependendo da língua que se fala ou escreve a palavra. Pensando nisso é o ato de se comunicar é muito importante para levar a informação para toda a sociedade e que possa levá-la ao progresso e ao desenvolvimento social, histórico e científico.

O comportamento do ser humano foi expresso em gestos ou em palavras, por isso é que a representação é a imagem ou a reprodução de algo existente, isto é, as ações e os comportamentos das pessoas. Ela é o exemplo, ou o caso concreto de atitudes que a humanidade possue, por isso é que a representação é denotar, é significar algum gesto ou atitude feita por alguém.

As práticas da teoria da libertação do olhar desenvolvidas por Antunes (2001) nos diz que: “Como uma página escrita, para que possa ser compreendida, necessita que ocorra antes um processo de alfabetização, um passo importante no sentido da alfabetização do olhar é levar a pessoa a “ver” a arte.” (p.79) O que quero deixar claro é que toda pessoa mesmo que algumas limitação pode adaptar-se, mas para isso tem que aprender a desenvolver outras habilidades e capacidades que lhe estão aptas.

Por essa razão é que a alfabetização do olhar através da pintura, do desenho, da imagem, da paisagem, da fotografia e das representações imagéticas são ferramentas estratégicas para construção de uma linguagem ampla no sentido da comunicação e ampliação para o aperfeiçoamento da construção do elemento representativo de sinais para as pessoas surdas.

Quando a deficiência é detectada nas pessoas(1) que vivem em cidades temos um gama e imensas possibilidades de construir e desenvolver o aprendizado destas pessoas, pois está à disposição delas uma grande contingente de leitura visual e cultural que lhes permitam construir um mundo de sentido e de significado. Sobre esse olhar de proposta de pedagogia podemos compreender bem quando Martin (2007) nos diz que:

O principal ensinamento é que devemos ter uma visão mais ampla do que é a arte visual, para além de telas e desenhos no papel. Fotos, outdoors, esculturas, instalações, objetos do cotidiano e histórias em quadrinho são parte da cultura visual e merecem ser trabalhados (...) (p. 14)

Mas para compreender melhor a teoria libertadora do olhar de Antunes temos que compreender a relação de A Teoria do Signo Lingüístico de Saussure segundo Carvalho (2000), pois ele nos esclarece que a natureza do signo é construída pela pirâmide da relação de sentido, que podemos descrever como significado, que é a representação do visual para o mental que se incorpora no seu inconsciente; o significante é o conceito ou a imagem psíquica que o interlocutor tem do significado; e o referente ou a coisa que é a representação ou o próprio objeto em discurso para a compreensão dos interlocutores.

Como o ato de comunicação é arbitrário, pois podemos perceber que para se compreender uma mensagem é fundamental que os interlocutores compreendam os mesmo referenciais linguísticos, no caso do falante, e os referenciais simbólicos, no caso da digitação, ou representação dos gestos das mãos, no caso de Libras.

Quando os interlocutores possuem a imagem, que é o que Saussure denomina de referente/coisa, a fluidez do discurso entre os surdos será maior do que não possuir essa imagem para a criação do dialogo em Libras, pois só após a essa assimilação da coisa que eles aprenderão visualizar e a identificar mentalmente, mesmo que não vejam o objeto, pois se encontra no inconsciente de cada um.

Por isso é que Fortunato (2006) reforça que “A aprendizagem é promovida por uso de material didático (gravuras, imagens, jogos, teatro, piadas, música, filmes, brincadeiras, orações, livros, palavras, desenhos, exercícios xerocados, etc.)” (p. 29). Como se pode perceber não podemos de maneira alguma construir um aprendizado para os surdos sem a construção psicológica e mental do objeto em questão. É com base na percepção de referente que se é possível traças um diálogo por meio dos gestos fazendo alusão aos referentes postulados pela imagem ou simbologia.

Para avançar nas representações devemos destacar que o uso das imagens para construir a representação por assimilação de sentido por meio da grafia, isto é, as letras/palavras transportando para a digitação é de suma importância para a alfabetização no contexto do bilinguismo(2) para o desenvolvimento das habilidades de leitura, escrita e comunicação. “No caso [da digitação em Libras] e do português, por exemplo, há muita transferência positiva de uma língua para outra.” (PÉRISSÉ, 2004, p. 47 a. Grifo meu.), pois ambas possuem a mesma representação alfabética, distinguindo somente do modo de se fazer, já que uma é na escrita e a outra é no gesto das mãos.

Quando se tem um apoio familiar torna-se mais fácil e mais ágil o aprendizado do surdo, e o trabalho de ensino e aprendizagem é desenvolvido a partir das necessidades das pessoas com deficiência auditiva. Segundo Gurgel (2007) diz que as atividades são: “Todas devidamente adaptadas aos padrões de acessibilidade e com um instrutor de libras para auxiliar nas atividades com os pequenos.” (p. 42a)

A família é fundamental para o progresso e o sucesso na aprendizagem do aluno surdo, mas a escola tem a obrigação de fornecer um “(...) professor de surdos competente deve conhecer o uso das LIBRAS para poder comunicar-se fluentemente com alunos surdos e ter contato com a cultura e a história dos surdos.” (ARRUDA, s/d, p 15b)

Um bom caminho para fazer esse aluno surdo desenvolver as habilidades de leitura e escrita a escola deve fazer um planejamento para que se desenvolvam as habilidades do olhar apurando o conhecimento pelo observar da cadência das histórias produzidas por imagens construindo um contexto e uma leitura proximal do aluno, pois inclusão não simplesmente colocar o aluno com necessidades especiais e não fazer nada por ele, pois suas necessidades são prioridades para a construção do conhecimento psicossocial.



3. O CONTEXTO DA DIGITAÇÃO EM LIBRAS REFERENTE À LÍNGUA PORTUGUESA E O SEU REFERENTE.



A digitação é a forma como o surdo utiliza para se comunicar de forma simples, pois ele representa gestualmente, com as mãos, cada letra do alfabeto em Português na língua dos sinais, com isso torna-se mais fácil a compreensão do que se quer dizer o surdo por um ouvinte, contudo o ouvinte só interpretará se também conhecer a língua de sinais.

Como é uma realidade nem todas as pessoas estão preparadas para lidar com pessoas com deficiência auditiva, mas há um caminho, quando se quer realmente desenvolver não só as habilidades físicas, mais também as competências cognitivas do deficiente.

É por essa razão vou aqui demonstrar um gráfico que pode ser utilizado por todos como uma forma de facilitar o ensino do deficiente auditivo. O princípio é mostrar como se deve construir um sentido de significado que Saussure descreveu e como podemos ampliar o conhecimento do aluno surdo por meio da contextualização e comparação a fortalecer As teorias libertadoras pela visão de Antunes (2000).

Quando conseguimos produzir uma relação entre a escrita à digitação contrapondo-se à imagem os alunos surdos saberá de que substantivo está se referindo e assim poderá desenvolver um diálogo mesmo que prolongado, mais fará com que ele tenha uma forma básica de si comunicar.

O que finalmente devemos entender é que todo meio de linguagem é bem vindo desde que seja bem trabalhado e desenvolvido a partir do contexto de vida do aluno surdo e não do contexto do professor, pois quem está precisando de ajuda para sair do mundo de clausura é ele e não o professor.

O trabalho desenvolvido por ele é para garantir que o aluno tenha uma possibilidade de seguir a sua vida com mais tranqüilidade e honradez. Como os teóricos afirmam uma educação só é completa quando o indivíduo possa desenvolver suas habilidades físicas e suas capacidades mentais e psíquicas, conseguindo, assim a contribuir para o seu pleno desenvolvimento sociocultural.



CONSIDERAÇÕES FINAIS



A interatividade entre as modalidades está presente na influência recíproca das linguagens, pois é com o aumento do vocabulário e o conceito das palavras ampliadas pelos preceitos que Saussure desenvolveu para que as pessoas tenham um conhecimento real, e que só assim as pessoas também possam ampliar novas formas de significação pelo contexto da utilização de cada símbolo representativo na imagem.

Em função do acesso à leitura a criança surda em fase de desenvolvimento e de alfabetização fará gradativamente as conexões necessárias para a construção do seu discurso. Por serem intimamente relacionadas no seu contexto de imagem e escrita facilitará a forma interativa entre as linguagens presente no quadro acima exposto.

Ao pensar na aquisição da escrita e da linguagem como modalidade de desenvolvimento do conhecimento esse aluno ganhará não só uma língua mais duas, tornando-se assim bilíngue no seu processo de construção sociolinguístico.



REFERÊNCIA

(O quadro referente a teoria não foi colocado pois quem tem interesse envie um email para ronyemarcio@hotmail.com que enviarei o artigo completo)



ANTUNES, Celso. A teoria das inteligências libertadoras. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

ARRUDA, Francisco Edmar Cialdine. A história da educação (Linguística) dos surdos. Conhecimento Prático / LÍNGUA PORTUGUESA. São Paulo: Escala Educacional, n. 31, p. 10-15, s/d.

CARVALHO, Castelar de. Para compreender Saussure: fundamentos e visão crítica. 9ª ed. ver. e ampl. Com exercícios e um estudo sobre as escolas estruturalistas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

FORTUNATO, Jerci Polo. Mãos que falam. Pátio Revista Pedagógica. Porto Alegre, RS: ARTMED Editora S.A., n. 38, p. 28-29, maio/julho de 2006.

GURGEL, Thais. DIDONÊ, Débora. ARAÚJO, Paulo. Inclusão, só com aprendizagem. Nova Escola, São Paulo: Abril, n. 206, p. 38-45, Outubro de 2007.

MARTIN, Carla Soares. Ensinar a turma a desenhar exige oferecer contato permanente com a produção de diferentes lugares e épocas para ampliar o olhar. Nova Escola, São Paulo: Abril, n. 15, p. 10-15, Agosto de 2007. Edição Especial.

PÉRISSÉ, Paulo. O bilingüismo na escola favorece ou prejudica a aprendizagem?. Pátio Revista Pedagógica. Porto Alegre, RS: ARTMED Editora S.A., n. 31, p. 46-47, agosto/outubro de 2004.

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(1) Fazendo referência não exclusivamente a adultos, mas também a crianças e jovens.
(2) É a relação da Língua Portuguesa com a Libras.

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